26.12.04: e pof, o Papai Noel caiu do telhado.
Algum filósofo supostamente sábio disse que a mesma água do rio não passa duas vezes sobre o mesmo lugar e pronto, ditado feito sobre como as coisas nunca são estáticas. Eu diria que nem tudo é tão mutável assim, veja os clichês natalinos - ceia, Papai Noel, amigo secreto e por aí vai -, por exemplo. Particularmente, tenho uma certa apatia pela tradicional ceia de natal, aquela em que comparecem todos os seus parentes e adjacentes, incluindo os distantes e uns que você desconhecia até então. Peru engordado artificialmente, Coca-colas de três litros (e provavelmente vai ter um que exige Coca light sobre o pretexto de que está na dieta - certamente, numa tentativa de entrar na roupa do reveillón -, embora vá repetir a sobremesa mais tarde) e no fim, sua tia, prima ou seja lá quem for, destila um interrogatório que na quase totalidade das vezes, é qualificado dentro do gênero desconfortável. Experiência própria: na ceia de 2003 foi sobre a minha reprovação no vestibular da faculdade pública e esse ano, houve uma discussão aberta sobre o porquê de eu não ter um namorado.
E só Jesus - justamente quem a gente comemora tanto o nascimento, mas não é ele quem ganha os presentes - sabe o motivo de eu ainda gostar tanto do natal, afinal de contas.
››› ouvindo: Do They Know It's Christmas - Band Aid 20
9.12.04: os filmes são a minha fuga à realidade.
Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças. O título parece o valor em extenso de um cheque com muitos dígitos, mas resume perfeitamente o filme. O elenco é formidável (quase impossível dissociar Kate Winslet do Titanic, já Jim Carrey dos seus filmes anteriores, nem tanto) e a história, que mostra um romance sem os estereótipos e clichês de sempre, é um tanto surpreendente. E aposto que até Adão desejou apagar Eva da memória depois da expulsão do Paraíso.
Garfield. Outra adaptação sem graça. Não me leve à mal, o tal gato feito por animação é engraçadinho e tudo o mais, mas a personalidade dele, definitivamente, não convence. O Garfield dos quadrinhos destila humor sacárstico e inteligente, enquanto o Garfield das telas é só o herói da criançada.
Hope Springs: Um Lugar para Sonhar. Desenhista viaja à uma cidade interiorana (chamada Hope, daí o nome do filme) para curar dor de cotovelo, enquanto faz retratos dos habitantes locais. Ele conhece uma garota meiga, extrovertida e bonitona em Hope e acabam saindo juntos, até que a ex-namorada arrependida, pede a reconciliação. Pronto, o típico triângulo amoroso formado. Comédia romântica estrelado por Colin Firth, o ator mais charmoso de toda a Hollywood. Muito mais do que o blasé do Richard Gere.
Sob o Sol da Toscana. Sabe aqueles filmes com mensagem otimista embutida? Bom, esse é um daqueles, que conta o recomeço de uma vida pós-relacionamento. Ótima combinação de romance, drama e comédia. Ah, válido somente para o público feminino.
8.12.04: às vezes, tudo parece um entimema.
E aí que eu poderia dizer que a faculdade absorveu todos os meus neurônios, através do processo detestável de "trabalhos-intermináveis-que-infelizmente-valem-a-nota-da-prova", resultando afinal, numa desculpa plausível pelo abandono desse pobre blog ao léu. Mas a desculpa no fundo, não seria nada mais do que uma meia-verdade (sic) e sabe-se que a meia-verdade equivale a uma quase mentira. Como não quero acrescentar mais um item na minha lista Pecados 2004 - que no caso, é diretamente proporcional à lista Resoluções 2005 -, vamos dizer que às vezes, eu simplesmente esqueço que tenho um blog. Pronto, confessei.
A propósito, as crisezinhas de identidade continuam periodicamente e enquanto isso, adormeço olhando as estrelinhas de plástico fosforescente coladas no teto.
››› ouvindo: Sunday Mornings - Maroon 5